Algumas das substâncias que são benéficas para a saúde dependem de um correto tratamento térmico durante o processo de torra do café. A ausência de defeitos capitais, conhecidos pela sigla PVA, de Pretos, Verdes e Ardidos, é fator de muita importância também. É incoerente relacionar o café bebida com saúde se caso forem empregados grãos que contenham substâncias indesejáveis como compostos fenólicos, que atacam a mucosa do estômago, ou mesmo o ácido acético, que é base do vinagre e aumenta a acidez no trato digestivo.
Por outro lado, o tratamento térmico, ou seja, a torra do café deve ser criteriosa. Nem mais, nem menos... apenas justo.
O ponto de torra, mais claro ou mais escuro, influencia de forma acentuada o sabor da bebida. Um bom "Mestre Torrador", com o uso de equipamentos especiais, determina o ponto de torra que realça as características desejadas dos cafés de cada região específica.
Outro ponto fundamental, que garante 100% da intensidade de aroma e sabor ao café é o frescor. Os aromas e sabores do café são compostos de óleos voláteis que se dissipam para o ambiente, assim como as bolhas de champagne se vão depois da garrafa aberta. A torra em pequenas quantidades garante um café sempre fresco como "pão quente".
É importante que se tenha conhecimento das principais substâncias que compõem o café, das quais mais de 800 são formadas durante o processo de torração, sendo que sua terça parte corresponde aos compostos aromáticos.
Ácido cítrico, por exemplo, é o principal ácido presente nos Cafés do Brasil, conferindo característico sabor azedinho que lembra o do limão e a da laranja. Sua temperatura de ebulição é 175º C; portanto, se a torra do café permanecer por muito tempo em temperaturas acima desta, haverá, então, sensível diminuição da acidez na bebida, o que pode ressaltar, em contrapartida, o corpo.
Corpo é a sensação na boca que lembra entre experimentar a água e o azeite de oliva. O azeite é encorpado. Da mesma forma, para substâncias consideradas benéficas para a saúde, como os ácidos clorogênicos, durante a torra do café num ponto considerado "Torra Média", em geral, podem ser perdidos quase dois terços deles por decomposição pelo calor. Isto significa que se a torra do café for muito intensa, certamente a quantidade de compostos associados aos ácidos clorogênicos diminuirá e assim pode-se concluir que os efeitos benéficos para a saúde também serão menores.
A cafeína é bastante estável, pois sua temperatura de ebulição é de 238º C, por isso é que, na prática, sua presença no café não sofre grandes alterações após o processo de torra, mesmo naquelas mais intensas.
Enfim, para que o café possa levar seus benefícios para a saúde humana, é fundamental que, além de grãos crus saudáveis, bem colhidos, secos e armazenados, sua torra seja adequada.
Como os excelentes vinhos, não basta apenas que parte do processo tenha sido feito corretamente, mas, isto sim, todo o conjunto. Assim sendo, resta apenas brindar com excelentes xícaras.
Grau de torra | Características | Equipamento |
Clara | Acentuada acidez, suavidade do aroma e sabor, menos amargor | Ideal para máquinas de café expresso |
Média | Acentua o aroma e o sabor | Ideal para coador de pano ou filtro de papel |
Escura | Diminui a acidez, acentua sabor amargo, bebida mais escura |
O tempo de preparação é influenciado pela moagem, pois numa moagem muito fina, a água levará mais tempo para passar pelo pó, resultando numa extração.
| Grau de moagem | Preparo |
| Pulverizado | Café árabe, onde o pó não é coado |
| Fina/Média | Filtração (filtros de papel, coador de pano) |
| Média | Café expresso |
| Grossa | Percolação - cafeteira italiana |

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